5.25.2010

Do grito




Às vezes ela era um grito. Um grito mudo, se não fosse quase um clichê ser assim. Ela era um grito silencioso às formas que a maioria das pessoas têm de ouvir. Poderiam dizer que ela era um grito de birra, afinal sua vida era boa, ela tinha sorte. Tinha nos olhos portas largas abertas para o mundo e suas incríveis pessoas. Mas em algumas vezes, não raras, ela se percebia como sendo um grito, um grito tão louco que sua própria alma ignorava ser. Imaginava que tinha o grito e não o era, e que sendo assim encontraria em um dia qualquer uma forma de se desfazer dele. Mas os anos foram se passando, com novas tarefas, amores e amigos... Menos o grito, que às vezes se estampava, silencioso e aflito, do outro lado do espelho.

2 comentários:

Vinícius disse...

tempo que não venho aqui. saudade desses textos no qual a gente se vê tanto.

abração e boa semana.

Salve Jorge disse...

Tendo dito
O grito
O que fito
Não evito
Aliás solicito
O mais explicito
Que assim se faz mais convicto
Seja do atrito
Ou do pito
Mereces um pulpito
E não versos que palpito
Mas uma vez estando escrito
Lembra-te que seu universo de tão infinito
É bonito
Justamente pela entropia...